quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Minha ida ao Japão - Dicas para não se enrolar em Tóquio

VIAGEM AO JAPÃO

Eu fui ao Japão em 2017 e fiquei quase 3 meses por lá. Mas fui por conta de um estágio, então não era tudo completamente turismo. Os meus passeios eram quase sempre feitos no fim de semana, que eram meus dias livres, quando a gente não tinha umas viagens e tal. E claro, sempre depois do trabalho dava um role por Shinjuku, porque eu descia no trem lá e pensava “por que não?”.

Postei a maior parte disso no Youtube, quando conseguia filmar com minha camerinha. Aqui eu queria dar umas dicas sobre como funcionam as coisas lá, tanto do perfil de turista como de “morador”. Porque quando você fica só aquelas duas semaninhas como turista, acaba não percebendo umas coisas.

Ah, e pra completar, morei esses três meses em Tóquio mesmo. Era bem lá nos subúrbios de Tóquio, uns 30km do centrão, mas rapidinho a gente chegava com o trem expresso.
CHEGANDO AO JAPÃO

Bom, eu cheguei no aeroporto de Narita. Bem grande, bonito, tava meio nublado no dia que cheguei, então não teve tanto destaque na minha lembrança. Saguão de malas bem grande, depois você vai pra imigração, que não garanto um inglês perfeito, mas eles te perguntam as coisas básicas, como motivo da ida, tempo que vai ficar no país etc.

Ah, eles te pedem pra preencher uns formulários lá, um que te dão no avião ainda, e outro antes da imigração. Lembre-se também de anotar tudo previamente, tipo endereço que vai ficar (local da sua hospedagem), quanto dinheiro tá levando, se der até pra anotar o número exato de dias que vai ficar ajuda. Eles pedem várias informações, então ajuda a não ficar enrolado procurando tudo, às vezes no celular sem internet.

Formulário de Imigração
Depois disso tudo você sai naquele saguão que as pessoas costumam esperar quem está chegando. Um pouco a frente tem várias coisas que talvez você precise. A primeira, que você vai precisar mesmo (facilita MUITO) é a bancada de informações. As moças que estavam atendendo quando cheguei eram super simpáticas e tinham um inglês bom pra média, me ajudaram bastante a chegar onde eu precisava. Deram as linhas que eu precisava pegar, onde comprar os bilhetes, os preços, tudo anotadinho, além de vários mapas, um deles sinalizando meu destino.

Outra coisa que você pode precisar é o envio de mala. Bom, isso vai de cada um. Eu estava com duas malas, uma muito grande, porque eu ia ficar um tempão. A ONG que trabalhei me sugeriu enviar pro alojamento, porque era longe e tal, e eles pagavam, daí enviei. Eles entregam rapidinho, sem atrasos. O preço foi em torno de 1500 ienes, mas você pode levar tranquilamente no trem também.

Com suas informações em mãos, você desce a escada rolante que fica na frente da bancada de informações, e já está praticamente na estação de trem. Existem algumas formas de sair do aeroporto, e de carro/taxi certamente é a pior. Os trens funcionam muito bem, e como Narita é longe, sai mais barato que outras formas.

Eu vou citar brevemente os meios mais populares, mas eles variam de acordo com o local de sua hospedagem, necessidade etc.

Eu fui com o trem normal Keisei Narita Limited Express porque na primeira noite ia ficar em Ueno, em um hostel. Pra mim foi o melhor, custou 1200 ienes, e depois peguei uma estação de metrô só pro lugar que eu ia ficar.

Se eu fosse para o alojamento direto (não fui porque cheguei dois dias antes), seria melhor pegar o Limousine Bus, que foi inclusive o que eu peguei na hora de ir embora, porque ele partia de uma estação bem perto de onde eu fiquei. O preço fica em torno de 3000 ienes, mas acho que varia de acordo com a distância.

De outras opções tem o Skyliner, o Sky Access, o NEX, Tokyo Shuttle. Dá pra ver mais informações aqui
CLIMA

Eu cheguei lá no comecinho do verão. Não tive escolha de estação, o meu grupo do estágio era de Summer Internship mesmo.

Se você não me conhece, saiba que sou do Rio de Janeiro, esse lugar que nem fica tão próximo da linha do equador, mas esquenta feito um inferno. Estou falando isso só pra criar um background do que vou falar em seguida.

Voltando, meus 3 meses foram praticamente os 3 meses do verão. E olha, me surpreendi. O Japão é quente. Quente mesmo, abafado, úmido. A temperatura às vezes não ficava tão alta como aqui no Rio, a média normalmente era de 29 a 33 C, poucas vezes me lembro de ter passado muito disso. Então assim, o sol não queima tanto como aqui, que só de pegar um ônibus você fica metade bronzeado.

Aqui também é úmido, você transpira a toa, mas acho que como o sol é mais forte, seca mais rápido também. Lá em Tóquio, você facilmente saía na rua e já começava a transpirar, escorrer o suor, a camisa molhar, porque normalmente era um pouco abafado também.

No inverno não costuma nevar tanto na capital (mas se você for pra Sapporo, vai pegar bastante neve), mas em 2018 fiquei assustado com a quantidade de neve. Os amigos que fiz lá postaram aos montes a neve no instagram, parecia outro lugar.

Então se você puder escolher uma estação, eu sugeriria as intermediárias outono e primavera, ou o finzinho do verão (bem fim mesmo). Acho que é mais agradável e menos cansativo.
TRANSPORTE

Olha, o transporte pode ser bem caro, mas ele é super eficiente, não vai te deixar na mão. Quer dizer, só se você precisar dele de madrugada, daí vai estar fechado mesmo. Tanto trem, metrô e ônibus funcionam super bem. Os dois primeiros são muito fáceis de usar, o preço varia de acordo com a distância. Uma coisa você tem que atentar, que são os tíquetes. Você coloca eles na entrada e na saída do transporte. Já vi muita gente falar pra ter cuidado, porque é fácil perder e acabar tendo que pagar outro.

Para isso, os cartões de transporte (Pasmo ou Suica) facilitam muito. Eles custam 500 ienes, que você resgata de volta quando devolve (tem uma diferença no resgate, o Pasmo dava o valor inteiro do que tinha no cartão mais os 500 na devolução, o Suica não sei), e pode terminar de gastar no aeroporto em qualquer bobeira ou comida.

Esses cartões tem outros benefícios. Você tem pequenos descontos na passagem, que parecem pouco mas se pegar muito, pode ser até legal. Passagens de 180 caem pra 175, de 320 pra 319, varia. Você pode usá-los também pra pagamento nas lojas de conveniência, como se fosse um cartão pré-pago, e até em algumas máquinas automáticas de bebida.

Ônibus é bom ter cuidado, porque não são fáceis tipo aqui no Brasil que tem números. Normalmente eles tem uns nomes em kanji, às vezes umas letras. Se conseguir pegar o certo (eles passam em horários exatos também), é tranquilo, tem um monitor dentro do ônibus que fala os pontos que ele vai parar, em japonês e inglês.

Táxi, evite. A não ser que esteja esbanjando, porque táxi é bem caro. A bandeira inicial pode variar dependendo do local, mas o valor sobe rápido e você pode acabar pagando muito dinheiro em pouca distância.

Para quem quer viajar por várias cidades do Japão, recomendo buscar sobre o Japan Rail Pass. Ele permite você viajar à vontade pelos trens do Japão (incluindo Shinkansen, o trem-bala) no período. É meio caro, eu não comprei porque não fui a turismo mas ele parece ser uma boa opção pra quem quer fazer um tour, porque vale a pena o preço.

COMIDA

Comida é variado, porque você encontra restaurantes bem baratos a lugares com estrelas Michelin. Mas uma coisa é certa. Tirando a questão de gosto pessoal, você dificilmente vai comer comida ruim no Japão, no sentido de mal feita, com excesso de alguma coisa, estragada ou algo assim.

Quanto aos preços, variam bastante. Já ouvi gente dizer que é caro, mas discordei bastante. Claro, se você quiser comer uma carne, vai realmente pagar muito mais do que pagaria aqui. Tem restaurantes em galerias das estações de trem que passei mais de uma vez, com pratos de carne que chegavam a quase 4000 ienes. Mesmo ficando esse tempo todo, não cheguei a ir num Yakiniku, aqueles que tem a grelha na mesa e você prepara, então não sei o preço.

A média de uma alimentação, um almoço, por exemplo, é de 600 a 1000 ienes. Você encontra opções ainda mais baratas e mais caras também. Um exemplo de comida boa e barata é o Saizeriya. É um restaurante “italiano” que tem várias opções de comida, tem drink bar, que é o nosso famoso refil, por 190 ienes, e no almoço ainda tem umas promoções legais.

Almoço no Saizeriya

Se quiser comer um Lamen, existem várias lojas que fazem. A primeira que comi era um perto do trabalho, em Chiyoda. Pedia o lamen na máquina automática, e os mais caros eram 900. O meu foi 720. O problema é que tava tudo em japonês, e mesmo com o pessoal que lia ajudando, pedi um com caldo de miso, que detesto. Mas fora isso tava gostoso, tinha ovo cozido à vontade, além de água gelada. Mas o melhor lamen mesmo fica por conta do Ichiran. É mais caro, mas é DELICIOSO.

Kare de restaurante tradicional

Em lugares mais turísticos você vai encontrar preços um pouco mais altos, como encontrei em Odaiba. Os pratos eram na média de 1300 ienes. Como disse, varia, mas você consegue achar bastante lugar bom pra comer a uma faixa de 700~900 ienes, que não chega a 30 reais.

Tem também os Sushis de esteira, que tem a maioria dos sushis por 108 ienes (recomendo o Genki Sushi). Eu não quero dizer todos porque não tenho certeza, mas diria que praticamente todos os restaurantes fornecem água gratuitamente, e é bem normal as pessoas só beberem ela ou chá verde, diferente daqui que as pessoas pedem refrigerante, suco etc.

Fim de almoço no Genki Sushi

Se você tiver muito na pressa ou com pouca grana, pode também ser socorrido pelos bento (marmitas) que vendem nas lojas de conveniência (FamilyMart, SevenEleven, Lawson, Sunkus), ou lanchinhos rápidos (frango frito, sanduíches, corn dog, sushi, onigiri). Eles tem muita variedade, e o preço costuma ser um pouquinho maior que o mercado, mas nada absurdamente caro (para snacks principalmente). Há também as lojas mais tradicionais de bento, mas costumam ficar próximo a grandes centros empresariais, como no bairro de Chiyoda, porque os trabalhadores precisam almoçar!

Bento de loja de bentoBento do Seven Eleven
De fast food, se você gosta, recomendo o McDonalds, porque eles sempre tem algum sanduíche especial ou comemorativo. Praticamente todo mês tem um diferente (e temporário).

AH, quase ia me esquecendo. Provem tudo das máquinas automáticas! Tem milhões de bebidas diferentes, mas eu descobri umas deliciosas. Às vezes você se dá mal, mas no geral é gostoso. Recomendo sempre a Melon Soda, Salty Lichi, Gabunomi de sorvete de melão, Calpis Soda, Pocari Sweat (a Ion eu gostei mais) e Mitsuya Cider. Tem outros vários, mas acho que os três primeiros são meus favoritos.
Rosquinha e Gabunomi

Provem doces! Sorvetes são muito bons, tanto os das lojas de conveniência quanto de máquina automática, ou os da Baskin Robbins. E tem outros muitos doces maravilhosos por lá. Mochi eu preferi sem recheio, tem uns de fruta bem gostosinhos.

Garigari kun
HOSPEDAGEM

Eu fiquei só duas noites em um hostel que aluguei um quarto pelo Airbnb. Acabei chegando dois dias mais cedo que o previsto porque o vôo era bem mais barato pra ONG. No geral, não tenho tanto a falar. Acho que o Airbnb é uma opção ótima, tem hospedagem de diversos tipos, quarto, casa inteira, apartamento, hotel, hostel, em preços bons. Fiquei em alguns hotéis bem tradicionais em viagens que fiz com a ONG que trabalhei, não sei valores, mas imagino que seja mais caro. São legais, mas acho que você consegue coisas tradicionais mais baratas também.
DINHEIRO

Você vai achar tudo maravilhoso e super tecnológico no Japão, mas vai descobrir na marra que eles não usam muito cartões de crédito. Eu fiquei chocado quando parei num McDonalds em Shinjuku e vi que eles não aceitavam cartão. Então traga dinheiro em ienes de preferência. Pode ser dólar pra trocar, mas não vale a pena pelas taxas. Mas lojas mais turísticas ou que vendem coisas caras aceitam (BIC CAMERA por exemplo).

Se você fez as contas um pouco errado e viu que vai precisar sacar mais dinheiro, não se preocupe. É fácil sacar dinheiro. Você pode sacar em lojas de conveniência ou nas agências de correios, nos ATM (as máquinas de dinheiro). Costumam aceitar todos os cartões, raramente tem algum problema com aceitação.

Mas aqui vai uma dica. O saque nas lojas de conveniência tem o mínimo de saque de 10 mil ienes, que dá numa conversão grossa, uns 300 reais. Se você precisa pra um ou dois dias, pode acabar sendo demais. O saque nos correios já é mais conveniente, porque pode sacar a partir de 1000 ienes, com uma taxa fixa de 216 ienes por saque. Só que eles fecham mais cedo e não abrem domingos, por exemplo.
IDIOMA

Vai ser difícil se virar nisso. Se você não sabe japonês, a coisa complica bastante. A maioria deles fala inglês, mas pouco ou muito mal. O sotaque é muito presente, por conta dos fonemas, e muitas vezes eles não vão entender nem conseguir falar com você direito.

O jeito é fazer tudo na mímica (ainda mais se não falar inglês). Eles são sempre solícitos e vão tentar te ajudar de qualquer jeito. E às vezes você vai achar alguém que fala inglês perfeito num lugar inesperado (tipo um mercadinho no subúrbio).

Outra dica é usar o aplicativo do Google Tradutor. Ele pode ajudar bastante, e tem a função da câmera também que ele traduz o texto instantaneamente. Mas precisa de internet.
INTERNET

Vejo muita gente indicando os pocket Wi-Fi, que você contrata em vários cantos, inclusive dentro do aeroporto. Ele é útil se você for usar muitos dispositivos na rua e tal, mas se você pretende usar só o celular, acho que pode ser uma opção muito cara.

Há algumas opções de SIM Card pré-pago pra turistas, tem em qualquer BIC CAMERA. A maioria deles fica em torno de 2500 a 3000 ienes, e dá pra usar bem. Claro, o Facebook por exemplo gasta muito, então evite usar se pretende economizar.

Se não quiser comprar, você consegue alguns hotspots, principalmente em lojas de conveniência. E o Google Maps consegue funcionar mais ou menos sem internet para o GPS. E sempre, mesmo com internet, tire print ou foto das rotas, produtos, lugares que quer chegar. Na dúvida, use a cara de pau e pergunte.
DESCONTOS

Lá no balcão de informações você vai com certeza pegar alguns panfletos que vão ser úteis porque também incluem descontos. A maior parte deles é da loja BIC CAMERA, loja de câmeras, eletrônicos, brinquedos. Vale a pena a visita a uma (ou algumas) dela. Eles normalmente já devolvem o valor do imposto, que é de 8%, para compras acima de 5000 ienes. Mas esses panfletos costumam ter descontos extras, que podem ajudar a comprar o seu SIM Card e outras coisas, desde que acima de 5000 ienes.
Point Cards

Além disso, dependendo do tempo que você vai ficar, outras lojas (FamilyMart, BookOff, dPoint, etc) possuem cartões de pontos, que vão juntando pontos a cada compra, e esses pontos viram desconto depois, os famosos Point Card (ou Pointo Kaado).
INFORMAÇÕES GERAIS

Use muito o Google Maps. Você não vai ver nomes de rua, nem vai saber direito onde está. Esse aplicativo é seu melhor amigo pra te guiar, e pra pegar transportes públicos inclusive. Ele tem as rotas, opções e horários exatos dos trens.

O site Tokyo Cheapo tem muitos guias sobre diversas coisas, pode ser muito útil pra aprender e pegar dicas.

Água de torneira é potável no Japão. É bem tranquilo beber, se você estiver com muita sede e precisando. Eu evitava em banheiros por motivos óbvios, mas às vezes enchia a garrafa de água no alojamento porque não queria descer até o filtro na sala de jantar.

Citei ali em cima, mas só pra lembrar. O Japão tem a taxa de imposto cobrada depois, e é de 8%. Às vezes você encontra nas etiquetas o preço e um “+tax”, enquanto em outros momentos você se acostuma a ver as coisas a 108, 216, 324 ienes, porque eles já colocam direto. Restaurantes é que, no geral, não cobram, colocam direto no preço.

Se precisar de algo de utilidades, procure uma loja de 100 ienes, as famosas Hyakuen Shop. A melhor pra mim é a Seria, mas tem também a Daiso, a CanDo e outras perdidinhas lá. Sempre tem coisa boa por 100 ienes. A pasta de dente que eu usava (e meu amigo que mora há 5 anos lá) comprava na Seria. Tem de tudo.  É bom pra comprar utilidades e até umas coisas pra casa também, tipo decorações.

Leve desodorante! No Japão é bem raro e caro, eles não usam muito (mas também não fedem, é esquisito).

Na escada rolante você DEVE ficar do lado esquerdo (se for ficar parado). Exceto algumas cidades, que o padrão é ficar parado na direita (Kyoto, se não estou enganado), fique parado na esquerda. É uma das únicas horas que o japonês fica puto de verdade.

Os táxis abrem e fecham as portas sozinhos. Ou melhor, o motorista que abre com um botão. Eu fiquei batendo a porta na primeira vez, e o motorista ficou apavorado. Pedi mil desculpas.

No Japão você não entrega o dinheiro ou cartão na mão das pessoas. Eles tem sempre uma cestinha que você deposita o dinheiro e eles pegam lá. Mas é comum eles entregarem o troco nas suas mãos mesmo, então é via de mão única.


Mais dicas ou lugares, veja meu canal no Youtube! Lá postei (e posto) vídeos que fiz durante a viagem.

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