quinta-feira, 5 de abril de 2012

Quando me passei por gringo (sem querer) ;

Então, ano passado trabalhei nos Jogos Mundiais Militares que aconteceram aqui no Rio de Janeiro. Foi no meio do ano, nas minhas férias (em julho, se me recordo bem). Contei como foi no Plastic Cell em um post, mas quem sabe dou mais detalhes futuramente neste blog.

Fui contratado como Recepcionista Bilíngue, mas acabava que éramos (a equipe) mais resolvedores de problemas e barracos do que qualquer outra coisa. Fazíamos todo o tipo de atividade, afinal, nós éramos os malucos de terno que falavam alguma língua diferente do português. Outros(as) corriam atrás de broches (pins), brindes e qualquer souvenir gringo que podiam arrecadar. Era praticamente uma máfia.

Bom, a gente costumava ter opções de trabalho assim que chegávamos na vila onde os atletas estavam hospedados. Genericamente, duas. Ou ficávamos na vila pra resolver problemas, barracos e bater papo com os que estavam de folga, ou íamos para algum dos locais de competição (geralmente uns dois ou três).

Eu e mais um pessoalzinho descobrimos o lugar da competição de esgrima. Não era do nosso polo, ficava do lado de outra vila, ou seja, os de lá que dariam cobertura. Enfim, nos autorizaram a fazer a cobertura dessa competição. Deu um pequeno rolo no começo (não sabiam porque estávamos lá), mas fomos MUITO bem recebidos depois que explicamos nossa função. Tinha um senhor, militar, que era muito simpático e ficou contando histórias da vida dele, mostrando fotos da casa que tinha acabado de construir etc.

Garantiram nosso almoço (é, a empresa que nos contratou deu um perdido na grana que seria usada pra comprar almoço pra gente) e ainda nos deram acesso à sala VIP! É, poderíamos pegar chocolate, doces, bebidas na cortesia e ainda ficar relaxado nos sofás, ou então assistir as competições de camarote.

A gente trabalhava sim, antes que comecem as calúnias. Mas tinha muito tempo livre nesse lugar. Não era toda hora que vinha um gringo perdido precisando de nossos serviços de intérprete. Então era super de boa ir pra lá.

Fui a este ginásio umas 2 ou 3 vezes durante a semana da competição. Sei que no segundo aconteceu esta pérola que estou prestes a contar.

Estava eu, calado como sempre sou, andando pela área, procurando serviço. Bateu-me uma sede e, como já manjava, subi na área VIP para pegar um mate. Tinha, perto da mesa de snacks e da geladeira, um copeiro, vestido de branco e tal. Ele tinha pele muito clara, cabelo ruivo e aparentava mais de 50 anos.

Ele era copeiro, mas tinha uma puta cara de gringo. Sério. Daí perguntei meio baixo alguma coisa que já não me recordo mais e ele não entendeu. Fez um sinal com a mão, de quem pedia um momento. Voltou, então, com um outro copeiro, mais jovem (e cara de brasileiro), que veio me mandando um inglês meia boca. Eu, prontamente, respondi em inglês também. Acho que era alguma coisa sobre uma garrafa ser de café ou de chá.

Quando saí dali, me pus a refletir o que havia acontecido. Na minha cabeça tinha achado, primeiramente, que o copeiro era gringo porque estava na sala VIP (e por ali andavam MUITOS chefes de equipe e afiliados). Mas quando ele recorreu ao segundo maluco para falar comigo, notei que o gringo, na verdade, era eu.

É, o ruivo não entendera o que havia falado, então achou que, por estar de terno (sem gravata), arrumadinho e com o crachá não muito à vista (devia estar por dentro do paletó) e achou que este indivíduo branco que vos fala fosse estrangeiro. Quisera eu.

Acabei guardando essa mentirinha até a hora em que fui embora (ou até o dia seguinte). Fingir-me de gringo era divertido, era prontamente servido (bom, eu estava numa área VIP, então seria de qualquer modo). Fui descoberto, porém.


Um comentário:

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