terça-feira, 6 de março de 2012

O porquê de eu não ter deixado meu irmão jogar meus Pokémons ;

Nos últimos dias achei um monte de coisas antigas. Fotos, desenhos, objetos variados e as lembranças. No entanto, teve uma não relacionada que passou pela minha cabeça. E não é por falta de uso, mas lembrei que não deixava meu irmão jogar meus pokémons.

O caçula, que é aproximadamente 4 anos mais novo que eu, não teve uma infância de jogatina portátil tão grande. Minhas simplórias Yellow e Silver que jogava constantemente no meu Game Boy Color eram raramente usadas pelo meu irmão. Ele sempre desejava jogá-las, mas em 95% das vezes eu coibia. Só o deixava quando eu estava por perto.

Meus pais sempre falavam pra eu deixá-lo jogar. Eu SEMPRE dava a mesma desculpa. Dizia que, como ele era menor e não sabia o que cada comando em inglês fazia (não que eu soubesse inglês na época, mas aquela xeretação infantil e o hábito de jogar me fizeram aprender/entender o que era cada coisa). Eu realmente tinha medo, não era só uma desculpa. Imagina se ele manda pro espaço minha coleção tão preciosa de pokémons, eu ficaria furioso, arrasado e sabe-se lá mais o que (vale lembrar que a bateria interna me fez esse favor e agora tá tudo zerado).

Eu podia tê-lo ensinado coisas como "nunca aperte em New Game, só em Continue", mas ainda haviam outros riscos, como ele entrar no PC do Bill e dar Release em algum pokémon importante. Ou até trocar aquele move forte pra caramba por um negócio ruim. Eram muitas coisas na minha cabeça que impediam fazer um breve tutorial à um moleque de, sei lá, 4 ou 5 anos. Ele até poderia aprender, mas com aquele caráter hiperativo que o garoto tinha quando criança me fazia suspeitar de tudo.

Aquela foi a época áurea do interesse dele. Depois de uns 2 anos, ele ganhou, vejam só, um Pokémon Blue (e um Super Mario também, não me recordo qual). Ficou feliz, mas toda aquela magia de jogar no meu cartucho se perdeu. Ele jogou, ajudava ele com o meu breve entendimento do inglês e ele se divertia. Depois daquela euforia, abandonou. Eu até deixei ele jogar mais do meu, mas sua iminente preferência por jogos de futebol e a compra do nosso Game Cube um tempo depois desmotivou-o a continuar no portátil.

Tudo aqui até hoje (menos o Super Mario que desapareceu).
Seria bom se funcionassem  direito ainda (a Blue é fake, como podem ver).

Quando usar o computador se tornou uma atividade mais comum no nosso dia-a-dia, cada um baixou uma rom da nova geração da época (Ruby e Sapphire) e se pôs a jogar. Fiquei feliz, mas não fosse minha hesitação tão recorrente, ele não teria perdido o melhor game da série (G/S/C) e hoje teria um pouco mais de gosto pelos bichinhos.

Talvez o fato dele não gostar tão mais do jogo e não se interessar mais pelos lançamentos recentes seja, em parte, minha culpa. É, não toda, afinal cada sujeito cresce e conhece formas de entretenimento mais interessantes (que podem ser pra ele e não pra mim), bem como as pessoas que se conhece e os gostos delas também. Mas sinto aquela dorzinha ao saber que, pela minha resistência, o pequeno (que hoje é maior que eu) não tem tanto apreço por uma das séries que mais gosto. Pelo menos o desenho animado ele assiste (quando passa eventualmente na TV e ele tá comendo alguma coisa).

A gente brincou de muita coisa na infância, mas sinto que se eu não tivesse excluído ele da atmosfera RPGística do Pokémon, ele seria um cidadão deveras melhor. Ou não, mas pelo menos jogaria algum dos relacionados no computador mesmo.


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