Queimado, um esporte que dá saudades ;

Queimado (ou queimada pra algumas regiões) foi um esporte muito marcante na minha infância. Se pudermos chamar de esporte né. Dos 7 aos 11 anos de idade era minha atividade favorita nas aulas de educação física e nos dias em que a quadra da escola estava disponível no recreio.

Para os leigos, queimado é um esporte geralmente jogado em uma quadra de vôlei, ou que tenha pelo menos 3 linhas demarcadas. Uma bola, dois times. O objetivo é acertar um adversário sem que ele segure a bola. Se "queimado", esse coitado ardido irá para a prisão (ou cemitério, não lembro como chamava).

Enquanto preso, o jogador pode voltar ao campo maior quando conseguir jogarem a bola até ele e então queimar algum adversário. Por isso é interessante interceptar as bolas quando há jogadores atrás do seu time.

É bem isso aí.

Já jogava desde antes, mas a partir da 3ª série começou a acontecer com mais frequência, uma vez que as duas turmas da série eram as mais velhas naquele recreio. A escola ia do C.A. à 4ª série, e não me lembro muito bem como funcionavam os recreios, mas me recordo que pelo menos o da 1ª, 2ª e 3ª era conjugado.

Quando não era isso, dividíamos o tempo entre Yu-gi-oh! e Beyblade (essa mais pro final). Ah, tinha o totó também, que sempre contava com várias cabeças querendo jogar.

Na educação física tinha aquela rotatividade de esportes e brincadeiras, mas sempre que podíamos escolher jogávamos queimado numa das quadras e o resto da galera ia jogar futebol na outra (que tinha traves etc).

Foi no queimado que tive minha primeira lesão corporal, uma simples luxação no polegar que me fez usar um suporte (ou algo assim) pra que meu dedo pudesse ficar imobilizado e então desinchar. Mas nem por isso parei. Quero dizer, parei naquela semana que meu polegar estava fodido (ele tinha dobrado para trás quando tentei pegar uma bola), mas o esporte, se assim posso chamar, era o ponto forte de motivação para ir à escola. E isso porque nunca fui muito afetivo com esportes.

Quando aquele pirralho jogava a bola na tua direção, ou você corria ou a agarrava sem deixar cair no chão. O mais gratificante era segurá-la, obviamente, demonstrando seu controle e, claro, evitando que ela fosse parar na área dos queimados. Melhor do que essa sensação, só atingir os outros.

Era extremamente prazeroso ver os coleguinhas com as partes do corpo vermelhas porque tomaram aquela maravilhosa bolada. O jogo era uma grande guerra, na real. E isso porque éramos crianças inocentes, sem ódio nem nada. Só o que estava em xeque era a honra e a vontade de vencer. Às vezes era misto, então a gente costumava pegava um pouco mais leve com as meninas (exceto quando vinham aquelas profissionais com força monstruosa). Costumava.

Sinto saudades de jogar um bom Dodgeball (descobri que tem esse nome e é um esporte com liga e os carambas nos EUA), mas da forma brasileira, com apenas 1 bola e vários pra acertar. Mas penso também que seria foda jogar hoje em dia, porque a galera já arremessaria as bolas com tanta força que dentes seriam quebrados, caso acertasse o rosto de alguém. É meio perigoso, mas ainda seria maneiro pra caramba.