terça-feira, 1 de maio de 2012

A primeira vez que viajei de avião ;

Nunca fui uma criança aficionada por aviões. Eu pensava maior, queria ir pro espaço. Minha mãe sempre me diz que meu sonho era ir pro espaço jogar livros lá do alto pra todas as crianças poderem ler. Poético, não? Mas avião não era uma parada com a qual eu brincava, talvez por não saber muito bem que existia.

Medo nunca tive, achava bonito e só. Minha mãe viajou umas vezes quando eu era pequeno. Lembro de ir no aeroporto e ver aqueles aviões grandões, mas de longe, tanto que não tinha noção do quão grande eram, até que um dia fui viajar.

Em 2005, se não estou errado, meu pai me chamou para acompanhá-lo numa viagem pra Aracaju, onde visitaríamos meu meio irmão mais velho que mora lá. Iríamos nas férias de julho, passar uma semana e uns quebrados (não lembro quanto tempo foi, mas era algo por aí). Enquanto isso, minha mãe e meu irmão viajariam para São Lourenço, em Minas Gerais.

Desse momento em diante, fiquei excitado com a ideia de entrar num avião e voar para outro lugar, coisa que nunca tinha feito, mas também não tinha minha atenção até então. Mas eu estava tranquilo, esperava algo bem mais interessante que as viagens de carro que costumava fazer. Aliás, a duração era praticamente a mesma. A viagem daqui a Miguel Pereira, aqui no RJ ainda, leva umas duas horas. O mesmo de avião daqui para a capital do Sergipe.

Minha única preocupação juvenil era ficar sem jogar Ragnarok nessa semana que estava de viagem. Portanto, coloquei os CDs de instalação do jogo na mala. Perdoem-me, eu só tinha 12 anos e minha ocupação era jogar. De resto, eu estava pronto para embarcar numa experiência nova.

Chegado o dia, fomos ao aeroporto. Pela primeira vez eu não era espectador. Entrei na sala de embarque. Nada demais, fora os vários aviões estacionados e as muitas portas que encaminhavam você a eles por aqueles corredores dobráveis.. Entramos no nosso sem dificuldade. Fomos recebidos com bom dia (era quase hora do almoço) e sentamos em nossos lugares. Meu pai deixou que eu sentasse na janela.

Quando a aeronave partiu, senti aquela sensação bacana de ser empurrado no seu encosto e sentir uma inclinação do estilo de quando se sobe uma ladeira íngreme. "UHUL", lembro de ter falado isso. Alguma adrenalina deve ter rolado. Durante o voo não tinha muita graça, mas a decolagem tinha sido irada.

Pela janela, via minha cidade ficar pequenininha. Uma passada pelo litoral, depois entramos em quilômetros de mato. Tá, tinha uma casinha ou outra, mas a grande civilização a qual estava acostumado já estava longe, tanto na horizontal quanto na vertical.

Já era meio dia e pouco. Trouxeram nosso almoço. Se me recordo bem, eu tinha pedido um frango com purê, porque era a única coisa do cardápio que eu gostava. A comida estava boa para o que eu imaginava que seria.

Meu passatempo da viagem era ler e ficar olhando pela janela, vendo cidades e mato lá de cima, além das muitas nuvens que passavam abaixo de mim. Vez ou outra eu cutucava meu pai para que ele fosse ver. Nunca via. Depois de alguns, me deu um leve esporro: "não gosto de olhar pra baixo daqui, me deixa em paz". Porra pai, medo? Eu ali moleque admirando a paisagem lá do alto e meu pai fugindo de ver a altura. Meu mundo caiu.

A aterrissagem me pareceu mais tranquila que a decolagem. Chegamos num dia nublado. O aeroporto, em comparação com o do RJ, era bem pequeno. Aliás, em comparação com qualquer um né. Descíamos na pista, não naqueles túneis acoplados. Mas era agradável.

Ao fim da viagem (que ficará para outro post se assim for desejada), voltamos àquele mini aeroporto. Não lembro como estava o clima no dia, mas lembro que estávamos no meio da tarde. Estava pronto para mais um pouco de emoção e diversão no ar. O pessoal da Varig era simpático e, mesmo numa viagem curta como esta, os lanches e afins não eram barrinhas de cereais, eram coisas melhores. Acho que o meu era um sanduíche, mas não lembro precisamente.

Acabou né, uma pena.

A viagem de volta foi a que mais fiquei na janela olhando o mundo. Vi umas "construções" de nuvens muito maneiras, diferentes desses algodões que vemos daqui de baixo. Tinha uma que parecia uma ilha com um castelo. Imaginação fértil.

E foi anoitecendo. As casinhas solitárias no interior começavam a ligar as luzes, pequenos pontinhos brilhosos no meio do verde. A cena mais bonita que presenciei nesse voo foi a chegada no aeroporto aqui do Rio. Uma pena que não tivesse uma câmera em mãos na hora. E bem, câmera de celular ainda era raridade na época.

Um crepúsculo variante de azul a vermelho, com a cidade se acendendo aos poucos, e as luzes do aeroporto começando a brilhar lá do alto. Senti-me confortável com o retorno, e feliz com essa paisagem. Medo pra que, o negócio é curtir.


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